sábado, 15 de novembro de 2008

Porto Alegre

Porto Alegre

Hoje a paisagem acordou molhada
Um cheiro úmido
Cobre os telhados
Um sol preguiçoso me olha
Pelas frestas das nuvens
Há em mim uma vontade
De ganhar esta cidade
Às vezes, Porto Alegre
Me cabe nos olhos
A solidão de uma poça lamacenta
Não espanta os pássaros
Da praça da Alfândega
Drummond e Quintana
Poetam pedras, ferros e ruas
As nuvens vencem o sol
O dia, hoje, não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem chorar
Dos que sabem partir
Dos que sabem ser tristes
A mim só me caberá
Secar as poças da alma
Junto com o sol combalido
Poças são buracos
Que meus sapatos conhecem bem
Um passeio na rua da praia
Me acalma
E um cansaço de chuva
Faz esta cidade sentir
Um sol obliquo
Como se cada raio fosse
Um poema mandado por Deus
Um certo calor
Agrada o paladar da pele
Mas hoje o dia não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem doer
Dos que sabem amar
Dos que sabem morrer

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