Então tá, né? Aí vão mais dois poemas para compensar os dois dias sem poemas.
Velha arvore madura
Tenho um sonho herdado
Das árvores
São elas que me fazem
Entrar em contato
Com a permanência
Porque a raiz é a filha
Do séculos
A terra sabe disso
Por isso nasce as árvores
Cada folha que cai
Envelhece as arvores
Cada vento que passa
Torna as arvores mais maduras
E arvores maduras
Entendem os frutos da terra
Assim como Gide as entende
Noturno
Meus olhos mergulham noite adentro
Depois emergem do profundo
Como pássaros na sombra
Ouço cantos
Eles anunciam a lucidez do dia
E enquanto adormeço serenamente
A claridade vai imaginando o amanhecer
domingo, 30 de novembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Luta
Luta
Meu coração luta como uma prece
Um abandono ao longe
É ainda o que perdura
Um aceno me faz existir
A ausência me faz companhia
Meu coração luta como um raio
Penetra a terra
E terra é a dos que sabem caminhar nela
Meu coração luta como uma prece
Um abandono ao longe
É ainda o que perdura
Um aceno me faz existir
A ausência me faz companhia
Meu coração luta como um raio
Penetra a terra
E terra é a dos que sabem caminhar nela
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Iberêpoema
Iberêpoema
Há um silêncio triste
Nas cores que tangem
Teus gestos duros e sinceros
Nos quadros, olhos imensos
Acolhem a angustia das tintas imprecisas
Teu tempo é cinza
Que fazem chorar
Dias pesados
Tua angústia caminha nas minhas retinas
Como uma eternidade repousada
Tua pintura me transborda
Mas me educa
Sinto cada traço
Sinto cada esforço
Iberê
O infinito te reconhece
Há um silêncio triste
Nas cores que tangem
Teus gestos duros e sinceros
Nos quadros, olhos imensos
Acolhem a angustia das tintas imprecisas
Teu tempo é cinza
Que fazem chorar
Dias pesados
Tua angústia caminha nas minhas retinas
Como uma eternidade repousada
Tua pintura me transborda
Mas me educa
Sinto cada traço
Sinto cada esforço
Iberê
O infinito te reconhece
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A angústia de um poema
A angústia de um poema
O poema é a morada
De minhas angústias
As histórias de meus poemas
Estão submersas
Nas almas dos homens e das mulheres
Minha palavra descreve a trajetória do abismo
Ou a altura do céu
A alma reflete o tempo
Só as almas têm história
Carregam consigo um livro sagrado
Aonde as histórias vão nascendo
Mas o corpo é tão breve
O poema é a morada
De minhas angústias
As histórias de meus poemas
Estão submersas
Nas almas dos homens e das mulheres
Minha palavra descreve a trajetória do abismo
Ou a altura do céu
A alma reflete o tempo
Só as almas têm história
Carregam consigo um livro sagrado
Aonde as histórias vão nascendo
Mas o corpo é tão breve
terça-feira, 25 de novembro de 2008
+ 2 POemaS
Fé
Quero ter a fé das crianças
Acreditar em Deus
Como as crianças acreditam
Mas acreditar com uma certa angústia
A angústia dos que amam
E a dos que sabem partir
Como Deus que sempre soube
Se deixar pelo caminho
Assim como as pegadas
Que o vento deixa na terra
Despertar
Nuvens mal despertas
Se apóiam no horizonte
Dos meus olhos
Um Breve raio de sol
Sustenta meu caminho
Neste instante
Uma clarividência me dói nos ossos
As nuvens preguiçosas
Dormem o céu
E pássaros voam sóis
Quero ter a fé das crianças
Acreditar em Deus
Como as crianças acreditam
Mas acreditar com uma certa angústia
A angústia dos que amam
E a dos que sabem partir
Como Deus que sempre soube
Se deixar pelo caminho
Assim como as pegadas
Que o vento deixa na terra
Despertar
Nuvens mal despertas
Se apóiam no horizonte
Dos meus olhos
Um Breve raio de sol
Sustenta meu caminho
Neste instante
Uma clarividência me dói nos ossos
As nuvens preguiçosas
Dormem o céu
E pássaros voam sóis
domingo, 23 de novembro de 2008
Convite
Convite
A noite é sempre uma jornada
Venha, olha comigo o entardecer
E acompanha a sombra
Acordando na cidade
É o sonho que cria a noite
Anda comigo
No equilíbrio do meio fio
Mas a noite também dorme
No leito do universo
Só o que não é sonhado
É irrreversível
A noite também dorme
E de dia é preciso imaginá-la
A noite é sempre uma jornada
Venha, olha comigo o entardecer
E acompanha a sombra
Acordando na cidade
É o sonho que cria a noite
Anda comigo
No equilíbrio do meio fio
Mas a noite também dorme
No leito do universo
Só o que não é sonhado
É irrreversível
A noite também dorme
E de dia é preciso imaginá-la
sábado, 22 de novembro de 2008
Persistência
Como um amigo meu diz a GVT andou se "bobeando" comigo, por isso mas atrasos no blog. Mas eu resisto. Como um sentinela. Poesia é persistência. Portanto aí vai o de ontem e o de hoje:
Verso simples
Quero desnudar o amor
Num verso simples
Ver o corpo dos sentimentos difíceis
Ou estranhar a razão pelo o espelho
Calcinando o semblante da noite
Infância
Os homens preparam a infância
Inventando seus passados
Viver é memoriar
Sonhando as brincadeiras
Num pé de arvore mal formado
Ou numa roseta em pés descalços
A infância dos homens
É mormaço de bola
É um gol na gaiola
Aberta
Mirando um vôo
No olho do bodoque
É grito de mãe
Ao longe
Farofa na mesa
E beijo de tia
Infância sonhada
É um almoço inacabado
Verso simples
Quero desnudar o amor
Num verso simples
Ver o corpo dos sentimentos difíceis
Ou estranhar a razão pelo o espelho
Calcinando o semblante da noite
Infância
Os homens preparam a infância
Inventando seus passados
Viver é memoriar
Sonhando as brincadeiras
Num pé de arvore mal formado
Ou numa roseta em pés descalços
A infância dos homens
É mormaço de bola
É um gol na gaiola
Aberta
Mirando um vôo
No olho do bodoque
É grito de mãe
Ao longe
Farofa na mesa
E beijo de tia
Infância sonhada
É um almoço inacabado
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Problemas técnicos
olá pessoal
Bom, para quem anda acompanhando este blog, deve ter percebido que deixei de colocar poemas por três dias. Tive uns problemas técnicos, mas está tudo sob controle. No entanto, para não perder o embalo nem a aposta aí vão 3 poemas quentinhos:
À caminho do deserto
Para escrever um poema
Preciso de duas coisas:
Disciplina e solidão
Aos poucos vou descobrindo
Um deserto nas mãos
Um poema seca
Enquanto grãos de areia
Envolvem minhas pálpebras
Amar um deserto
É fácil
Ou Impossível
Escrever é doar-se
A si e aos outros
Por isso escrevo poemas para continuar lúcido
Escrevo poemas para salvar minha alma
Olhos tristes
Como são frágeis
Estes teus olhos nulos
E mesmo assim
Ainda sustentas um céu inteiro
Teu modo de olhar para as coisas
Me comove
Porque são sempre nos olhos
Que as pessoas são mais tristes
Ou mais felizes
Às vezes tu olhas para mim
Como quem perde um mar
Mas um mar não se perde
Ou se mergulha
Ou caminha-se nele
Um poema por dia:
Tigre saltando das folhagens
Flores partidas
Espinho sonhado
Noite veloz
Cansaço de pedra
Alegria montada num leão
Palavra maltratada
Improviso existencial
Disciplina
Palavra espicaçada
Verso apressado
Assunto manjado
Poema sem assunto
Palavra sacudida no escuro
Bom, para quem anda acompanhando este blog, deve ter percebido que deixei de colocar poemas por três dias. Tive uns problemas técnicos, mas está tudo sob controle. No entanto, para não perder o embalo nem a aposta aí vão 3 poemas quentinhos:
À caminho do deserto
Para escrever um poema
Preciso de duas coisas:
Disciplina e solidão
Aos poucos vou descobrindo
Um deserto nas mãos
Um poema seca
Enquanto grãos de areia
Envolvem minhas pálpebras
Amar um deserto
É fácil
Ou Impossível
Escrever é doar-se
A si e aos outros
Por isso escrevo poemas para continuar lúcido
Escrevo poemas para salvar minha alma
Olhos tristes
Como são frágeis
Estes teus olhos nulos
E mesmo assim
Ainda sustentas um céu inteiro
Teu modo de olhar para as coisas
Me comove
Porque são sempre nos olhos
Que as pessoas são mais tristes
Ou mais felizes
Às vezes tu olhas para mim
Como quem perde um mar
Mas um mar não se perde
Ou se mergulha
Ou caminha-se nele
Um poema por dia:
Tigre saltando das folhagens
Flores partidas
Espinho sonhado
Noite veloz
Cansaço de pedra
Alegria montada num leão
Palavra maltratada
Improviso existencial
Disciplina
Palavra espicaçada
Verso apressado
Assunto manjado
Poema sem assunto
Palavra sacudida no escuro
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Sândalo
Sândalo
Esquecer um sonho
É a tarefa do amanhecer
Mas lembrá-lo
Como um cheiro de sândalo esmaecido
É uma questão de sobrevivência
Esquecer um sonho
É a tarefa do amanhecer
Mas lembrá-lo
Como um cheiro de sândalo esmaecido
É uma questão de sobrevivência
domingo, 16 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
Porto Alegre
Porto Alegre
Hoje a paisagem acordou molhada
Um cheiro úmido
Cobre os telhados
Um sol preguiçoso me olha
Pelas frestas das nuvens
Há em mim uma vontade
De ganhar esta cidade
Às vezes, Porto Alegre
Me cabe nos olhos
A solidão de uma poça lamacenta
Não espanta os pássaros
Da praça da Alfândega
Drummond e Quintana
Poetam pedras, ferros e ruas
As nuvens vencem o sol
O dia, hoje, não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem chorar
Dos que sabem partir
Dos que sabem ser tristes
A mim só me caberá
Secar as poças da alma
Junto com o sol combalido
Poças são buracos
Que meus sapatos conhecem bem
Um passeio na rua da praia
Me acalma
E um cansaço de chuva
Faz esta cidade sentir
Um sol obliquo
Como se cada raio fosse
Um poema mandado por Deus
Um certo calor
Agrada o paladar da pele
Mas hoje o dia não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem doer
Dos que sabem amar
Dos que sabem morrer
Hoje a paisagem acordou molhada
Um cheiro úmido
Cobre os telhados
Um sol preguiçoso me olha
Pelas frestas das nuvens
Há em mim uma vontade
De ganhar esta cidade
Às vezes, Porto Alegre
Me cabe nos olhos
A solidão de uma poça lamacenta
Não espanta os pássaros
Da praça da Alfândega
Drummond e Quintana
Poetam pedras, ferros e ruas
As nuvens vencem o sol
O dia, hoje, não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem chorar
Dos que sabem partir
Dos que sabem ser tristes
A mim só me caberá
Secar as poças da alma
Junto com o sol combalido
Poças são buracos
Que meus sapatos conhecem bem
Um passeio na rua da praia
Me acalma
E um cansaço de chuva
Faz esta cidade sentir
Um sol obliquo
Como se cada raio fosse
Um poema mandado por Deus
Um certo calor
Agrada o paladar da pele
Mas hoje o dia não é meu
Nunca foi
Hoje o dia será dos que sabem doer
Dos que sabem amar
Dos que sabem morrer
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Isaura
Para Ondjaki e Luís Bernardo Honwana
Isaura
Isaura,
Pousa também teus olhos
Nas chagas do mundo
Pousa também teus olhos
Nas chagas do mundo
Depois concede teu abraço triste
No azul opaco e profundo
Que paira nos olhos desta vida
No azul opaco e profundo
Que paira nos olhos desta vida
Empresta tua singeleza
E enlaça novamente
Um cão tinhoso
E enlaça novamente
Um cão tinhoso
Coteja uma lágrima
Nesta terra fria
E ressuscita um cão sonhoso
Nesta terra fria
E ressuscita um cão sonhoso
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Sonho
Sonho
"Como podemos amar os outros?"
Assim resvala uma pergunta nítida
como uma chuva fria
Em uma pele quente
A pergunta vem dentro de um
Som exato que transpassa
os ouvidos da noite
Acompanhada de uma lâmina
afiada por Deus
"Como podemos amar os outros?"
Assim resvala uma pergunta nítida
como uma chuva fria
Em uma pele quente
A pergunta vem dentro de um
Som exato que transpassa
os ouvidos da noite
Acompanhada de uma lâmina
afiada por Deus
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Caminho
Caminho
Caminho entre a calçada
E o meio fio
Versos atrás de mim
Me acompanham
Mas nenhum deles
Me ultrapassa
E se revela para mim
Então tenho de olhar para trás
Mas olhar para trás
É descuidar do caminho
Tropeçar numa pedra
Pode apagar uma intuição
Porém me faz levantar mais lúcido do chão
Caminho entre a calçada
E o meio fio
Versos atrás de mim
Me acompanham
Mas nenhum deles
Me ultrapassa
E se revela para mim
Então tenho de olhar para trás
Mas olhar para trás
É descuidar do caminho
Tropeçar numa pedra
Pode apagar uma intuição
Porém me faz levantar mais lúcido do chão
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Prece
Prece
Senhor, ergui minha vida
Nos passos da honra
Meus passos foram celestes e serenos
Como uma carreira de formigas
Debrucei-me sobre as paragens da incerteza
E nunca, em momento algum,
Levantei um asco contra o céu
Mas agora, Senhor,
Vai morrendo em mim, à mingua,
Um pedaço do mundo
Cansei-me dos caminhos dignos
E da fome saciada pelos bons
Senhor, aponta-me
Os subúrbios da alma
Onde eu possa aprender
Os gestos dos intrusos
E a arrogância dos sensatos
Quero o amor das pedras
Quero o martírio da paciência
Numa fogueira desolada
Quero ser o juiz como Xangô
Quero inquirir a existência com a altivez
De uma espada empunhada
Pelo povo da noite
Perdoa- me, Senhor, pelos gestos
Atrozes que deixei de cometer
Dê-me uma existência nova
E permita que eu sente ao lado dos trapaceiros
Os mesmos que enganaram a morte
Permita, Senhor, que um som partido
Me conduza pelos terreiros da vidência
E que eu seja pronunciado ao amanhecer
Apenas com as trombetas do silêncio
Mostra-me, Senhor, a outra face do mundo
A que perjura
A que difama
Pela língua dos que mentem
Nascerão orquídeas esfaceladas
Onde uma chuva bondosa
Regará a velhice de suas pétalas
Senhor, ata-me ao início das águas
E conta-me o que há em cada lágrima de Oxum
Abre meus caminhos
Numa relva não há trilhas
Entre a encruzilhada
E o terreiro
Se mede a idade do tempo
A ilha, como dissestes, é o homem
Atormentado pelo galope de viver
Senhor, abandona-me a madruga
Num sonho de Morfeu
Escuta-me um instante
Orfeu negro me acompanha nesta prece
Senhor, leva-me pelos bosques
E deixa-me ouvir a razão dos injustos
Senhor, ergui minha vida
Nos passos da honra
Meus passos foram celestes e serenos
Como uma carreira de formigas
Debrucei-me sobre as paragens da incerteza
E nunca, em momento algum,
Levantei um asco contra o céu
Mas agora, Senhor,
Vai morrendo em mim, à mingua,
Um pedaço do mundo
Cansei-me dos caminhos dignos
E da fome saciada pelos bons
Senhor, aponta-me
Os subúrbios da alma
Onde eu possa aprender
Os gestos dos intrusos
E a arrogância dos sensatos
Quero o amor das pedras
Quero o martírio da paciência
Numa fogueira desolada
Quero ser o juiz como Xangô
Quero inquirir a existência com a altivez
De uma espada empunhada
Pelo povo da noite
Perdoa- me, Senhor, pelos gestos
Atrozes que deixei de cometer
Dê-me uma existência nova
E permita que eu sente ao lado dos trapaceiros
Os mesmos que enganaram a morte
Permita, Senhor, que um som partido
Me conduza pelos terreiros da vidência
E que eu seja pronunciado ao amanhecer
Apenas com as trombetas do silêncio
Mostra-me, Senhor, a outra face do mundo
A que perjura
A que difama
Pela língua dos que mentem
Nascerão orquídeas esfaceladas
Onde uma chuva bondosa
Regará a velhice de suas pétalas
Senhor, ata-me ao início das águas
E conta-me o que há em cada lágrima de Oxum
Abre meus caminhos
Numa relva não há trilhas
Entre a encruzilhada
E o terreiro
Se mede a idade do tempo
A ilha, como dissestes, é o homem
Atormentado pelo galope de viver
Senhor, abandona-me a madruga
Num sonho de Morfeu
Escuta-me um instante
Orfeu negro me acompanha nesta prece
Senhor, leva-me pelos bosques
E deixa-me ouvir a razão dos injustos
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Diferenças
Diferenças
Todo o silêncio é diferente
O silêncio da pedra é permanência
O silêncio do mar é ilusão
O silêncio de Deus é a sua obra
Às vezes, o silêncio
Sangra as vozes estilhaçadas
Um grito assassinado
Dorme nos lábios mordidos
Só os dentes sabem ranger o silêncio
Todo o silêncio é veloz
Como o lampejo de uma chama
Todo o silêncio é diferente
O silêncio da pedra é permanência
O silêncio do mar é ilusão
O silêncio de Deus é a sua obra
Às vezes, o silêncio
Sangra as vozes estilhaçadas
Um grito assassinado
Dorme nos lábios mordidos
Só os dentes sabem ranger o silêncio
Todo o silêncio é veloz
Como o lampejo de uma chama
domingo, 9 de novembro de 2008
Vento encilhado
Vento encilhado
Encilhar o vento
E cavalgar nele as eras
E também as idades que não se contam
Domar o vento é uma forma de existir
Dentro dele ou fora dele
O mundo ainda gira
Conforme a bondade do tempo
Num vento pode-se cavalgar a velhice de um ponteiro
Que tempo também envelhece
Agindo nas palavras
Encilhar o vento
E cavalgar nele as eras
E também as idades que não se contam
Domar o vento é uma forma de existir
Dentro dele ou fora dele
O mundo ainda gira
Conforme a bondade do tempo
Num vento pode-se cavalgar a velhice de um ponteiro
Que tempo também envelhece
Agindo nas palavras
sábado, 8 de novembro de 2008
Trajeto
Trajeto
Meu arcabouço de palavras
Se abre quando a claridade
Se movimenta
A nitidez da névoa
Exerce uma vidência
No destino em que piso
Como o mar
Que já sabe o trajeto da praia
Meu destino é a metáfora
Meu trajeto são palavras ao longe
Que retumbam num coração selvagem
Meu arcabouço de palavras
Se abre quando a claridade
Se movimenta
A nitidez da névoa
Exerce uma vidência
No destino em que piso
Como o mar
Que já sabe o trajeto da praia
Meu destino é a metáfora
Meu trajeto são palavras ao longe
Que retumbam num coração selvagem
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Barco à deriva
Barco à deriva
Minha poesia é um barco à deriva
Abandonado pelo tempo
E abraçada pelo mar
Sou um naufrago
Aplacado pelo cantos das sereias
As ondas quebradas
Passaram a ser a minha morada
A noite me guarda
Entre seus dedos
"Netuno, conta-me
Um segredo?"
"Onde mar foi inventado?"
"Em que lugar do oceano não se encontra o medo?"
"O que sonham os peixes?"
Minha poesia é um barco à deriva
Como a solidão aberta em águas
Minha poesia é um barco à deriva
Abandonado pelo tempo
E abraçada pelo mar
Sou um naufrago
Aplacado pelo cantos das sereias
As ondas quebradas
Passaram a ser a minha morada
A noite me guarda
Entre seus dedos
"Netuno, conta-me
Um segredo?"
"Onde mar foi inventado?"
"Em que lugar do oceano não se encontra o medo?"
"O que sonham os peixes?"
Minha poesia é um barco à deriva
Como a solidão aberta em águas
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Ao começo
Ao começo
Para chegar ao começo
Preciso nutrir meus olhos
Com a força arcaica das pedras
E assim desgirar o mundo
Até as profundezas da criação
Depois, desterrar a larva das montanhas
E pisar na terra mais antiga que o chão
Doer os ossos do princípio
É preciso ter coragem para voejar o começo
A arqueologia do mundo
É um alma tombada pelo tempo
Volto ao início
Com uma palavra renascida
Regressar é a minha condição
Para chegar ao começo
Preciso nutrir meus olhos
Com a força arcaica das pedras
E assim desgirar o mundo
Até as profundezas da criação
Depois, desterrar a larva das montanhas
E pisar na terra mais antiga que o chão
Doer os ossos do princípio
É preciso ter coragem para voejar o começo
A arqueologia do mundo
É um alma tombada pelo tempo
Volto ao início
Com uma palavra renascida
Regressar é a minha condição
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Diante de ti
Para Deisi
Diante de ti
Diante de ti a tristeza emudece
Amarguras naufragam
Beija-flores provocam revoluções e metáforas
Nos jardins
Sete lágrimas de felicidade
Te recebem
Asas do teu sorriso
Secam o rosto do tempo
Semeiam auroras
Lavram o infinito
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Sonata ao luar
Sonata ao luar
A vida é um assombro
Dos meus espantos nascem pássaros
E pássaros são sempre eternos
Como uma sonata ao luar
Toda vez que um pássaro voa
Um tempo novo atravessa as idades
Restabelecendo sobre o mar
Um breve rumor de eternidades
A vida é um assombro
Dos meus espantos nascem pássaros
E pássaros são sempre eternos
Como uma sonata ao luar
Toda vez que um pássaro voa
Um tempo novo atravessa as idades
Restabelecendo sobre o mar
Um breve rumor de eternidades
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Último reduto
Último reduto
Tenho uma rotina nos olhos:
Vasculhar beleza pelos cantos
O céu para mim é um segredo revelado
Lucidez é ouvir um trovão
Deus é uma coragem minha
Que ainda não sei bem
Meu desafio é ser um santo sem Ele
Tornar-me sagrado nesta terra
E o sagrado está na sua ausência
A poesia é meu último reduto
A última forma divina
Tenho uma rotina nos olhos:
Vasculhar beleza pelos cantos
O céu para mim é um segredo revelado
Lucidez é ouvir um trovão
Deus é uma coragem minha
Que ainda não sei bem
Meu desafio é ser um santo sem Ele
Tornar-me sagrado nesta terra
E o sagrado está na sua ausência
A poesia é meu último reduto
A última forma divina
domingo, 2 de novembro de 2008
Caverna
Caverna
Quando escrevo uma tristeza
É porque meus sentidos vão bem
Poemas não sofrem
Quem sofre são os homens
E os seus delírios
Uma dor não pode ser publicada
Quando escrevo uma tristeza
Tateio Platão
Vou tateando a caverna
Até esbarrar numa palavra
Depois saio a cata
De um isqueiro e de uma vela
Que me ilumine paredes e versos
Quando escrevo uma tristeza
É porque meus sentidos vão bem
Poemas não sofrem
Quem sofre são os homens
E os seus delírios
Uma dor não pode ser publicada
Quando escrevo uma tristeza
Tateio Platão
Vou tateando a caverna
Até esbarrar numa palavra
Depois saio a cata
De um isqueiro e de uma vela
Que me ilumine paredes e versos
sábado, 1 de novembro de 2008
Palavra definitiva
Palavra definitiva
Minha palavra é definitiva
Somente neste instante
Amanhã serei outro
E serei o mesmo também
A palavra é raiz movente
Meu regresso começa na partida
Só vejo quando não olho
Olhar é ilusão
Sentir é um modo de estar vivo
Toda a palavra é definitiva
Quando reconhece o instante
Minha palavra é definitiva
Somente neste instante
Amanhã serei outro
E serei o mesmo também
A palavra é raiz movente
Meu regresso começa na partida
Só vejo quando não olho
Olhar é ilusão
Sentir é um modo de estar vivo
Toda a palavra é definitiva
Quando reconhece o instante
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