Os limites do mar
Recuperam meu fôlego
Um poema acontece nas águas
Quando uma palavra me encanta
Ou quando num mergulho imprevisto
Me vejo indo ao encontro
De peixes e acasos
Redemoinhos vem para me proteger
Enquanto o sal sacia meu coração
O chão do mar sou eu mesmo
E eu mesmo posso ser o céu de minha alma
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
100!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muito bem, este é o centésimo poema!
Há 3 meses quando me propus a escrever 1 poema por dia durante 6 meses, achei que estava exagerando, ou que não poderia dar conta, já que um poema não se faz assim de uma hora para outra. No entanto, aí estão 100 poemas, claro que tenho noção de que apenas uma meia duzia carregam alguma qualidade poética, não digo isso por falsa modéstia, nem para arracar elogios, mas por honestidade e seriedade que cabe a alguem que pretende algo em literatura.
Muitos vieram me perguntar se eu já tinha poemas prontos. Na verdade, quando comecei eu tinha 20 poemas prontos e muitos pensamentos e frases soltas em meu caderninho de anotações. Bem, o fato é que esses 20 poemas acabaram, e então tive que prestar mais atenção em minhas antigas anotações e reelaborá-las, e invetar outras num ritmo mais acelerado e frequente. Houve dias em que um certo desespero me invadia porque eu só tinha rascunhos, mas o poema tinha que ser publicado e muitos vezes fui dormir quase de manhã para terminar um poema de 5 ou 6 versos.
Agradeço a todos aqueles que tem acompanhado meu esforço em manter este blog vivo, especialmente a Deisi Delagado, Cesar dias, Jorge Froes e sandra Tenorio.
obrigado!
C(s)em poemas
Hoje estou cansado
Como quem tocou o teto do céu
Ou porque ficou assombrado
com a fugacidade das nuvens
Estou cansado pelo meu corpo
ser o combustível
de minha própria poesia
Meus olhos estão cansados também
Pois a beleza e a tristeza
são coisas que pesam
nos espaços vazios do coração
Mas só um poema me põe
de volta na roda viva
Me revigora
E já passo a ser
Outro
dentro de mim mesmo
Por todos os dias
Por toda a vida
sábado, 27 de dezembro de 2008
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
O tigre e o mundo
“Dentro de mim vive um tigre. E o difícil é manter esse tigre sob controle”
Pedro Juan Gutierres
Pedro Juan Gutierres
Dentro de mim vive um tigre
E as jaulas de minha alma estão abertas
O tigre é lento e sorrateiro
Nos olhos dele se guarda a sabedoria
Do instinto
As jaulas estão abertas
E o mundo está a sua espera
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Atenção:
O mundo parou
Os carros das cidades
Uniram-se num enorme engarrafamento
Pássaros suspenderam seus vôos em pleno ar
As plantas pararam de crescer
E todas as maquinas do mundo silenciaram
A morte deixou de matar
E a vida deixou de viver
Nuvens permanecem altas e claras
As águas dos rios estagnaram pelas margens
Sim, o mundo parou ao meu redor
Mas aqui
Dentro de mim
Há outro mundo funcionando
Pulsando a vida
E as coisas dentro meu mundo
Jamais pararam de acontecer
Os carros das cidades
Uniram-se num enorme engarrafamento
Pássaros suspenderam seus vôos em pleno ar
As plantas pararam de crescer
E todas as maquinas do mundo silenciaram
A morte deixou de matar
E a vida deixou de viver
Nuvens permanecem altas e claras
As águas dos rios estagnaram pelas margens
Sim, o mundo parou ao meu redor
Mas aqui
Dentro de mim
Há outro mundo funcionando
Pulsando a vida
E as coisas dentro meu mundo
Jamais pararam de acontecer
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Cristo
Hoje é natal
No entanto, mais importante
Que acreditar em cristo
É saber se Cristo
Ainda acredita em nós
Saber se a humanidade
Ainda germina nos olhos dos homens
Ou se ainda somos capazes de abraços honestos
Ou de uma palavra doce ao ouvido
Se Cristo acredita em nós
E se ainda não desistiu dos homens atrozes
Os mesmos que reduziram a grandeza humana
Nos gestos mais mesquinhos
Então eu acredito em cristo
Então eu acredito que há algo tão sagrado
Capaz perdoar o egoísmo humano
No entanto, mais importante
Que acreditar em cristo
É saber se Cristo
Ainda acredita em nós
Saber se a humanidade
Ainda germina nos olhos dos homens
Ou se ainda somos capazes de abraços honestos
Ou de uma palavra doce ao ouvido
Se Cristo acredita em nós
E se ainda não desistiu dos homens atrozes
Os mesmos que reduziram a grandeza humana
Nos gestos mais mesquinhos
Então eu acredito em cristo
Então eu acredito que há algo tão sagrado
Capaz perdoar o egoísmo humano
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Todas as partes do dia
para Fernando Pessoa
Eu sou do tamanho dos meus sonhos
Minha alma é da altura do que penso
Porém, meus pensamentos
Não são mais do que dois pássaros
Surgindo no horizonte
Voando na direção dos teus olhos claros
Meus pensamentos voam à noite
Pois as manhãs não são mais importantes
Que a noite
Nem a noite é mais importante que as manhãs
Todas as partes do dia têm sua importância
Todas as partes do dia têm sua verdade
Todas as partes do dia temos que existir
Tenho em cada dia uma infinidade
Do que posso ser
Mas creio que vou sendo na mediada em
Que invento o trajeto de meus pássaros
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Sentimento de mar
Preciso do horizonte encostado no mar
Onde eu possa mergulhar
Até quase me afogar em tua languidez
Preciso perder-me num tempo
Dentro das águas
Encontrar um certo sentimento de mar
Ou um certo sentimento de ar
Qualquer lugar de onde
Eu possa emergir
Até a superfície de tua respiração
Onde eu possa mergulhar
Até quase me afogar em tua languidez
Preciso perder-me num tempo
Dentro das águas
Encontrar um certo sentimento de mar
Ou um certo sentimento de ar
Qualquer lugar de onde
Eu possa emergir
Até a superfície de tua respiração
domingo, 21 de dezembro de 2008
Pedra
Pedra arremessada na lagoa
Durante o vôo
Ela conhece os segredos da movência
Estuda a história dos relâmpagos
E os afagos do vento
Pedra arremessada aprende
Que voar é desprender-se do arremesso
Mas toda pedra cai pelo do peso de viver
Pois não se regressa um voo acontecido
Durante o vôo
Ela conhece os segredos da movência
Estuda a história dos relâmpagos
E os afagos do vento
Pedra arremessada aprende
Que voar é desprender-se do arremesso
Mas toda pedra cai pelo do peso de viver
Pois não se regressa um voo acontecido
sábado, 20 de dezembro de 2008
Desamparo
Estou a olhar para mar
E o desamparo é inevitável
Diante de águas infinitas
A espuma é uma intuição fugaz
No movimento de cada onda
Minha infância se apruma e respira
Há homens que sabem olhar para um oceano
Eu não, só sei sentir
Enquanto isso,
Apenas planejo um mergulho
Simples, sossegado e profundo
Até que minha memória arqueje
Aos pés da criança que fui
O mar nasce é nos olhos da infância
Meu desamparo é uma ilha
Nascendo no mar
E o desamparo é inevitável
Diante de águas infinitas
A espuma é uma intuição fugaz
No movimento de cada onda
Minha infância se apruma e respira
Há homens que sabem olhar para um oceano
Eu não, só sei sentir
Enquanto isso,
Apenas planejo um mergulho
Simples, sossegado e profundo
Até que minha memória arqueje
Aos pés da criança que fui
O mar nasce é nos olhos da infância
Meu desamparo é uma ilha
Nascendo no mar
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Perfumes
Tenho sonhado perfumes
E os aromas são tão nítdos
como os girassóis de Van Gogh
Um perfume tece a madrugada
Me elevo até o nascimento de uma orquídea
Flores milagram aromas
para salvar meus sonhos
Os meus e os das nuvens
que pretendem cheiros doces e finitos
A fugacidade do perfume
Me completa e me conforta
Porque dormem na memória
E os aromas são tão nítdos
como os girassóis de Van Gogh
Um perfume tece a madrugada
Me elevo até o nascimento de uma orquídea
Flores milagram aromas
para salvar meus sonhos
Os meus e os das nuvens
que pretendem cheiros doces e finitos
A fugacidade do perfume
Me completa e me conforta
Porque dormem na memória
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Domadora de raios
Domadora de raios
Sou prisioneiro dos teus pensamentos
Com uma pedra ao acaso
Risca o meu destino
És a domadora dos raios
E das tempestades em mar aberto
Quando te vestes de luz
Minha travessia é um cometa desgarrado
Tombo num mar alto
Sou um naufrago dentro dos teus gestos
Sou prisioneiro dos teus pensamentos
Com uma pedra ao acaso
Risca o meu destino
És a domadora dos raios
E das tempestades em mar aberto
Quando te vestes de luz
Minha travessia é um cometa desgarrado
Tombo num mar alto
Sou um naufrago dentro dos teus gestos
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Mundos
Mundos
Observo a rua pela janela de um bar
Pessoas caminham no seu ritmo
Cada uma carregando um mundo nos olhos
Algumas parecem em paz
Como se conhecessem o mistério da vida e da morte
Outras parecem doer à caminhada chorando pelo avesso
Só então percebo:
Há tantos universos a conhecer
Há tantas pessoas imersas em si mesmas
Mas Deus é tão cruel
Pois muitos anos vão passar
E mesmo assim
Sei que morrerei sem conhecer
Todas essas pessoas e os seus mundos
A vida é um relâmpago
Iluminando mundos e universos
Observo a rua pela janela de um bar
Pessoas caminham no seu ritmo
Cada uma carregando um mundo nos olhos
Algumas parecem em paz
Como se conhecessem o mistério da vida e da morte
Outras parecem doer à caminhada chorando pelo avesso
Só então percebo:
Há tantos universos a conhecer
Há tantas pessoas imersas em si mesmas
Mas Deus é tão cruel
Pois muitos anos vão passar
E mesmo assim
Sei que morrerei sem conhecer
Todas essas pessoas e os seus mundos
A vida é um relâmpago
Iluminando mundos e universos
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Segunda e terça
Começo
Meus olhos têm começo
E eles começam no teu corpo
Um passeio pela tua pele
É um sonho sendo construído
Teus olhos estão ungidos
Pelos relâmpagos e pela claridade
O mar contém suas ondas
Diante de tuas pupilas
E os corações dos peixes palpitam
Sob a ordem de tuas pálpebras
E um novo mundo começa
Cada vez que os teus olhos se movem
Na direção do infinito
Morrer o tempo
É preciso morrer o tempo
Num beijo profundo
Uma onda me leva
Para conhecer a vida até o fundo
E de lá
Volto à tona para o mundo
E a superfície é um manto
Escondendo a história do oceano
Depois retorno ao mar
Para morrer o tempo
Num mergulho difícil e sincero
Meus olhos têm começo
E eles começam no teu corpo
Um passeio pela tua pele
É um sonho sendo construído
Teus olhos estão ungidos
Pelos relâmpagos e pela claridade
O mar contém suas ondas
Diante de tuas pupilas
E os corações dos peixes palpitam
Sob a ordem de tuas pálpebras
E um novo mundo começa
Cada vez que os teus olhos se movem
Na direção do infinito
Morrer o tempo
É preciso morrer o tempo
Num beijo profundo
Uma onda me leva
Para conhecer a vida até o fundo
E de lá
Volto à tona para o mundo
E a superfície é um manto
Escondendo a história do oceano
Depois retorno ao mar
Para morrer o tempo
Num mergulho difícil e sincero
domingo, 14 de dezembro de 2008
Salvo
Salvo
Não escrevo poemas
Para me ajudar
Poemas nunca me ajudaram
Em nada
Um poema nunca me deu um auxílio
A poesia não serve para isso
Um poema não pode ajudar ninguém
Mas um poema pode nos salvar
Todos os dias
Porque há um abismo entre ajudar e salvar
Ser salvo é abandonar-se nas mãos de Deus
Hoje me abandonei novamente nas mãos da poesia
Mas não escrevo apenas para ser salvo
Escrevo também para equilibrar o sol no horizonte
Escrevo para dilatar minhas pupilas
E reconhecer a realidade de um sonho
Não escrevo poemas
Para me ajudar
Poemas nunca me ajudaram
Em nada
Um poema nunca me deu um auxílio
A poesia não serve para isso
Um poema não pode ajudar ninguém
Mas um poema pode nos salvar
Todos os dias
Porque há um abismo entre ajudar e salvar
Ser salvo é abandonar-se nas mãos de Deus
Hoje me abandonei novamente nas mãos da poesia
Mas não escrevo apenas para ser salvo
Escrevo também para equilibrar o sol no horizonte
Escrevo para dilatar minhas pupilas
E reconhecer a realidade de um sonho
sábado, 13 de dezembro de 2008
Uma temporada no deserto
Uma temporada no deserto
O deserto é um pássaro com sede
E o meu corpo é uma fonte secando
Um homem só conhece a solidão
Depois de caminhar pelo deserto
Cada grão de areia
É uma palavra que o mundo deixou de dizer
A movência das dunas
É o discurso do tempo
E uma tempestade no deserto
É o destino mudando de lugar
Mas um destino não nos permite
Andar a esmo
Porque temos um compromisso com ele
A vida escolheu o deserto para
Secar a tristeza
O deserto é o nada que é tudo
Meu deserto é em todo lugar
Nos olhos exuberantes da noite
E também dentro de mim
Um homem só encontra um caminho
Quando aprende a trajetória do sol
Um homem só ama um deserto
Quando pode deixa-lo
Ou viver dentro dele
Alguma coisa
Esta noite alguma coisa
De Mozart e Bethoven
Ficou em mim
Algo grave
Talvez uma nota profunda retirada
De uma noite profunda
Tocada por um Chopin
Embriagado de chope
Alguma coisa de Vivaldi ou Verdi
Ficou espalhada
Nesta noite viva e lancinante
Alguma coisa de whisky
Permanece em minha boca
Ao sabor de Stravinsky
O deserto é um pássaro com sede
E o meu corpo é uma fonte secando
Um homem só conhece a solidão
Depois de caminhar pelo deserto
Cada grão de areia
É uma palavra que o mundo deixou de dizer
A movência das dunas
É o discurso do tempo
E uma tempestade no deserto
É o destino mudando de lugar
Mas um destino não nos permite
Andar a esmo
Porque temos um compromisso com ele
A vida escolheu o deserto para
Secar a tristeza
O deserto é o nada que é tudo
Meu deserto é em todo lugar
Nos olhos exuberantes da noite
E também dentro de mim
Um homem só encontra um caminho
Quando aprende a trajetória do sol
Um homem só ama um deserto
Quando pode deixa-lo
Ou viver dentro dele
Alguma coisa
Esta noite alguma coisa
De Mozart e Bethoven
Ficou em mim
Algo grave
Talvez uma nota profunda retirada
De uma noite profunda
Tocada por um Chopin
Embriagado de chope
Alguma coisa de Vivaldi ou Verdi
Ficou espalhada
Nesta noite viva e lancinante
Alguma coisa de whisky
Permanece em minha boca
Ao sabor de Stravinsky
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Olhares
Olhares
Teus olhos marejam o rumo das águas
Dentro deles planejas a direção das marés
E o destino dos peixes
Gosto do modo como tu descansas
O teu olhar sobre as coisas
Teus olhos explicam o amor
E tua serenidade abraça
Minhas inquietudes
Teus olhos marejam o rumo das águas
Dentro deles planejas a direção das marés
E o destino dos peixes
Gosto do modo como tu descansas
O teu olhar sobre as coisas
Teus olhos explicam o amor
E tua serenidade abraça
Minhas inquietudes
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Fogo brando
para Frederic Chopin
Fogo brando
A vida é um lampejo
Labaredas dançam no escuro
E vão descobrindo a geografia da noite
Brasas cansadas
Ainda sustentam
Um rumor de vida
Na ponta de uma fogueira
Ouve-se um piano ao longe
Pairando melodias sobre um fogo brando
Calado e profundo
Há pelas ruas um fogo triste
Como se Chopin tocasse
Em todas as casas noturnos infinitos
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Neblina em Porto Alegre
Neblina em Porto Alegre
A noite cai sobre porto alegre
Há uma breve neblina
Adormecida nos morros e nos quintais da minha alma
A madrugada começa a viver dentro mim
Tão plena como as paragens celestes
Guardadas no fundo das estrelas
A noite cai sobre porto alegre
Há uma breve neblina
Adormecida nos morros e nos quintais da minha alma
A madrugada começa a viver dentro mim
Tão plena como as paragens celestes
Guardadas no fundo das estrelas
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Sobre ventos e flores
Sobre ventos e flores
O silêncio migra para outro silêncio
Enquanto uma flor vence um furacão
Vence, porque suas raízes já haviam
Aprendido a amar a terra
E toda a raiz sabe a vida até o fundo
Porém, cada silêncio é uma palavra condenada
As flores não conhecem o tempo
Por isso resistem com sua beleza
Aos ventos fortes e mordazes
Sim, querido Drummond, outra flor nasceu na rua
Uma flor difícil
Compreendida apenas pelos pássaros
Ou por uma brisa à beira mar
O silêncio migra para outro silêncio
Enquanto uma flor vence um furacão
Vence, porque suas raízes já haviam
Aprendido a amar a terra
E toda a raiz sabe a vida até o fundo
Porém, cada silêncio é uma palavra condenada
As flores não conhecem o tempo
Por isso resistem com sua beleza
Aos ventos fortes e mordazes
Sim, querido Drummond, outra flor nasceu na rua
Uma flor difícil
Compreendida apenas pelos pássaros
Ou por uma brisa à beira mar
domingo, 7 de dezembro de 2008
Bondade
Bondade
Há dias em que acordo
Com uma estranha ternura
Pelas pessoas
Uma ternura tão ingênua
Que passo a crer em todas elas
Como se todas fossem capazes
De gestos benevolentes e doces
Como se todas fossem capazes
De amar um oceano inteiro
Mesmo sem compreendê-lo
Há dias em que vida é tão vasta
Que todos os medos se perdem pelos bosques
E um caminho feito de terra e céus
São inventados por pessoas bondosas
E há os dias como estes
Em que um céu estrelado
Guarda meu sono
Enquanto a bondade do mundo
Trabalha meu destino
Há dias em que acordo
Com uma estranha ternura
Pelas pessoas
Uma ternura tão ingênua
Que passo a crer em todas elas
Como se todas fossem capazes
De gestos benevolentes e doces
Como se todas fossem capazes
De amar um oceano inteiro
Mesmo sem compreendê-lo
Há dias em que vida é tão vasta
Que todos os medos se perdem pelos bosques
E um caminho feito de terra e céus
São inventados por pessoas bondosas
E há os dias como estes
Em que um céu estrelado
Guarda meu sono
Enquanto a bondade do mundo
Trabalha meu destino
sábado, 6 de dezembro de 2008
Sexta e sábado
Forasteiro
Estou vindo de um lugar que não há mais
Um lugar onde as mulheres
Eram vestidas de sol
E os homens fechavam os olhos
Para senti-las passar
De onde eu venho não há solidão
E o tempo é algo tão longínquo
Quanto qualquer instante
Desenhado no horizonte
De onde eu venho
Cada lágrima tecida
Comove todos os homens e todas as mulheres
E os velhos por um momento
Deixam suas memórias
Para reconhecer um pouco mais de tristeza
Alma
O poema é a morada
Das minhas angustias
A história da minha poesia
Está submersa nas almas
De todos os homens
E de todas as mulheres
Meus poemas são memórias
E a memória está sempre ameaçada pelo tempo
No entanto, a memória se defende
Inventando passados
Imaginando vestígios
Driblando verdades
Mas a verdade só é
O caminho que vou imaginando
Estou vindo de um lugar que não há mais
Um lugar onde as mulheres
Eram vestidas de sol
E os homens fechavam os olhos
Para senti-las passar
De onde eu venho não há solidão
E o tempo é algo tão longínquo
Quanto qualquer instante
Desenhado no horizonte
De onde eu venho
Cada lágrima tecida
Comove todos os homens e todas as mulheres
E os velhos por um momento
Deixam suas memórias
Para reconhecer um pouco mais de tristeza
Alma
O poema é a morada
Das minhas angustias
A história da minha poesia
Está submersa nas almas
De todos os homens
E de todas as mulheres
Meus poemas são memórias
E a memória está sempre ameaçada pelo tempo
No entanto, a memória se defende
Inventando passados
Imaginando vestígios
Driblando verdades
Mas a verdade só é
O caminho que vou imaginando
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Ernesto Sabato
Ernesto Sabato
Terminei de ler o livro “a resistência” de Ernesto Sabato e saí com a sensação que a melhor forma de viver é resistir. Mais do que um velhinho dando lições de moral, Sabato com seus 90 anos se mostra lúcido e vigoroso ao resistir com palavras à tempos sombrios como o que vivemos. Sabato resgata valores, a experiência, a sabedoria e o amor pela vida. Desde o seu livro “Sobre heróis e tumbas” que Sabato não me comovia. Peço que prestem atenção neste trecho de “A resistência”:
“Esqueci grandes trechos da vida e, em compensação, ainda palpitam em minhas mãos os encontros, os momentos de perigo e o nome daqueles que me resgataram das depressões e amarguras. Também o de vocês que acreditam em mim, que leram meus livros e me ajudarão a morrer”
Aproveito este trecho para agradecer as poucas pessoas que têm lido e acompanhado meus poemas, parafraseando Sabato:
“Ainda palpitam nos meus olhos os encontros, os momentos difíceis, o nome daqueles que abriram a porta do quarto, acenderam a luz e me resgataram das amarguras. E também o de vocês que acreditam em mim, que leram meus poemas e me ajudarão a viver”
Obrigado!
Terminei de ler o livro “a resistência” de Ernesto Sabato e saí com a sensação que a melhor forma de viver é resistir. Mais do que um velhinho dando lições de moral, Sabato com seus 90 anos se mostra lúcido e vigoroso ao resistir com palavras à tempos sombrios como o que vivemos. Sabato resgata valores, a experiência, a sabedoria e o amor pela vida. Desde o seu livro “Sobre heróis e tumbas” que Sabato não me comovia. Peço que prestem atenção neste trecho de “A resistência”:
“Esqueci grandes trechos da vida e, em compensação, ainda palpitam em minhas mãos os encontros, os momentos de perigo e o nome daqueles que me resgataram das depressões e amarguras. Também o de vocês que acreditam em mim, que leram meus livros e me ajudarão a morrer”
Aproveito este trecho para agradecer as poucas pessoas que têm lido e acompanhado meus poemas, parafraseando Sabato:
“Ainda palpitam nos meus olhos os encontros, os momentos difíceis, o nome daqueles que abriram a porta do quarto, acenderam a luz e me resgataram das amarguras. E também o de vocês que acreditam em mim, que leram meus poemas e me ajudarão a viver”
Obrigado!
Solidões
Cada pessoa carrega
Uma solidão diferente
Existe a solidão necessária
Aquela que nos faz
Uma Espécie de ilha
E assim tateamos nossos limites
Até sabermos
Onde a terra finda e o mar rebenta
Mas há a solidão de doer
Aquela que dói nos ossos
E desta que estou a falar
Do peso da ausência
Que as pessoas carregam nos ombros
E nos olhos
Quando caminham caladas e remotas
Curo minhas ausências
Prestando atenção
Na solidão dos outros
E na minha também
Só Deus tem direito a solidão
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Procura
Procura
O que procuramos
Não está no tempo
Nem nos aços dos espelhos
O que procuramos está sendo construído
Está sendo imaginado por uma
Força bruta e delicada
Às margens de um rio
Mas o tempo não é nosso
É das palavras e das coisas
A metáfora me conhece antes de mim
O que procuramos
Não está no tempo
Nem nos aços dos espelhos
O que procuramos está sendo construído
Está sendo imaginado por uma
Força bruta e delicada
Às margens de um rio
Mas o tempo não é nosso
É das palavras e das coisas
A metáfora me conhece antes de mim
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Chuva fria
Chuva fria
Hoje uma chuva fria
Me fez prestar mais atenção
Nos gestos dos outros
E também no modo como as pessoas
Se protegem dos pingos
Dos ventos
Elas encolhem os ombros
Fecham os olhos
Como se buscassem abrigo
Dentro de si mesmas
Hoje uma chuva fria
Me fez prestar mais atenção
Nos gestos dos outros
E também no modo como as pessoas
Se protegem dos pingos
Dos ventos
Elas encolhem os ombros
Fecham os olhos
Como se buscassem abrigo
Dentro de si mesmas
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Sustento
Sustento
Evocar a poesia é um pacto com a solidão
A presença difícil de um poema
Me conforta
Ou me torna impossível
Mas um poema é tão vasto
Que pode caber
Dentro de um coração partido
Porém, mantenhamos calma
O universo está por um fio
Mas o céu pode ainda sustentá-lo
Evocar a poesia é um pacto com a solidão
A presença difícil de um poema
Me conforta
Ou me torna impossível
Mas um poema é tão vasto
Que pode caber
Dentro de um coração partido
Porém, mantenhamos calma
O universo está por um fio
Mas o céu pode ainda sustentá-lo
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