Para Homero
Ulisses Negro
Quando Ogum tocou o mar
Trazia nos olhos
A vertigem das ondas
Nas mãos, a coragem da espada
E nos gestos, a solidão do vento
Jangada de pedra
Pedaços de África
Navegam sob seus pés
(Que em terra não se navega o equilíbrio)
Com a espada risca o sol
E parte o dia em dois
As mulheres do mar verdejavam
Sobre as águas
E toda a mulher que entra no mar
Torna-se encantada
Ogum nunca tapou os ouvidos para as sereias
Ao contrário; ouviu-as e depois cantou para elas
Um canto triste
Alegre e pungente
Como a voz de um atabaque
"Minha voz é um sopro
no ouvido do mundo"
À noite, Ogum avança
Cingindo as águas
Em sua memória
Abraça as sereias
Salvando-as
Da dor do esquecimento
Um comentário:
Um poema dos mais lindos que já li.
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